Como a alta do dólar impacta o preço dos carros no Brasil? 

Com componentes importados e impostos em dólar, setor automotivo sente o impacto e repassa custos ao consumidor.

O mercado automotivo brasileiro é bastante sensível à variação do dólar, já  que grande parte dos componentes usados na fabricação de carros, mesmo os nacionais, é importada.

De acordo com a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (ANFAVEA), em alguns modelos, especialmente os de entrada, entre 30% e 40% do custo está atrelado a itens trazidos de fora, como motores, câmbios e sistemas eletrônicos. Em veículos mais sofisticados, esse percentual pode ultrapassar os 70%

Quando o dólar sobe, o impacto bate direto na cadeia de produção. As peças ficam mais caras, os insumos como aço, alumínio e borracha (todos precificados em dólar) encarecem, e o custo de fabricação sobe. Isso, inevitavelmente, é repassado ao consumidor, que vê os preços dos carros novos aumentarem, muitas vezes, acima da inflação.

Não é à toa que os modelos de carros zero quilômetro mais baratos do Brasil costumam partir de R$ 75 mil. 

Os carros importados sofrem ainda mais. Como são cotados diretamente em dólar, a variação cambial impacta o preço final quase que instantaneamente. Além disso, impostos como o de importação, calculados com base no valor do veículo em dólar, ficam ainda mais altos. Isso reduz a competitividade desses modelos e, muitas vezes, leva concessionárias a diminuir sua oferta para evitar prejuízos. 

Com o encarecimento dos veículos novos, o consumidor migra para os seminovos e usados. Esse movimento aquece o mercado de segunda mão, elevando o preço desses carros e até mesmo reduzindo a oferta.

Em 2025, por exemplo, as vendas de seminovos cresceram 7% no primeiro bimestre, segundo o Estudo MegaDealer de Performance de Veículos Usados, da Auto Avaliar. O tíquete médio subiu quase 6% em relação ao início do ano, o que mostra como a alta do dólar reverbera por todo o setor. 

Outro reflexo importante é no custo de manutenção. Peças de reposição, pneus e lubrificantes, muitos dos quais são importados, também sobem de preço, tornando mais caro manter um carro rodando.

Para quem pensa em financiar, a situação também complica, já que os juros tendem a subir junto com o dólar, reduzindo ainda mais o poder de compra e levando muitos a adiarem a decisão de adquirir um veículo. 

Algumas montadoras tentam mitigar esses efeitos por meio de promoções ou utilizando estoques comprados antes da alta cambial. No entanto, essas são soluções paliativas, de curto prazo. Uma vez reajustados, os preços dificilmente voltam aos patamares anteriores.

É um novo “normal” que veio para ficar, impulsionado por uma combinação de fatores político-econômicos globais e internos. 

Entender o impacto da alta do dólar é essencial para qualquer consumidor ou profissional do setor automotivo. Afinal, essa variável tem o poder de transformar todo o ecossistema de produção, venda e consumo de veículos no Brasil. 

Nossas redes

Recentes:

Receba nossas atualizações em
seu E-mail

Seja um parceiro

Comece a oferecer benefícios ao invés de desconto para seu cliente!

Leads Gestauto (Lojas e Oficinas)

Como você quer prosseguir?

Atendimento 24h para todo Brasil